Princesinhas Africanas protagonizam editorial do Pretinhas da Brasilândia

08:44:00

Para divulgação da primeira edição do Pretinhas da Brasilândia 4 garotas negras foram fotografadas como princesas africanas contemporâneas para evidenciar a importância da representatividade
Da esquerda para direita: As princesas africanas Rhianny; Laura a frente;
Samira Helena e em pé Rebeca Ventura

Angélica Alves

A primeira edição do Pretinhas da Brasilândia acontece no sábado, 11 de março de 2023, na Fábrica de Cultura da Brasilândia e é uma realização da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, por meio do Proac.

Com produção executiva de Vilma Queiroz e de Renata Poskus, o evento pretende reforçar o poder, a beleza e o potencial da mulher negra, visando colaborar com a autoestima, força e coragem das mulheres pretas de hoje e de amanhã.

Para evidenciar ainda mais a importância da representatividade, a organização do Pretinhas da Brasilândia convidou 4 garotas negras que moram na Zona Norte de São Paulo para serem as protagonistas do editorial do evento.

Vilma Queiroz, idealizadora e produtora executiva do Pretinhas da Brasilândia, destaca "É muito importante para a criança preta ter referências desde sua infância para a valorização da autoestima como imagens em livros, revistas, comerciais e outras mídias, pois assim ela percebe o seu poder e que pode estar onde ela quiser e assim mudar a sociedade."

"Nós queremos através desse editorial construir imagens lúdicas porém reais, de princesas africanas.
Laura Victoria como princesa africana
Angélica Alves @angelicaafotografia
Imagens que alimentam a imaginação das nossas crianças no que diz respeito à riqueza da cultura africana e à valorização de seus corpos como crianças pretas", declara a figurinista e diretora artística do editorial, Japhete Ozias, que é Benim.

As meninas foram fotografadas como princesas africanas contemporâneas e contaram um pouquinho mais sobre suas histórias.

Rebeca Ventura Lima, 15 anos - moradora do Horto Florestal

"Eu gosto muito do meu sorriso, do meu cabelo, da minha pele, da minha cintura, do meu nariz, do meu olhar. Eu já sofri preconceito quando era pequena, era chamada de cabelo duro, nariz de batata, muitas coisas. Eu sempre tive cabelo comprido, antes eu não deixava meu cabelo tão armado, hoje eu gosto dele assim mais cheio, mais presença." Rebeca conta que na infância queria ser outra pessoa, desejava ser branca, ter cabelo liso, traços brancos, hoje em dia eu tenho orgulho de ser quem eu sou.

Rebeca já desfilou duas vezes e pretende continuar nesse caminho de modelo.

Ela acha importante que meninas negras sejam protagonistas, que se valorizem, que saibam quem são.

Rebeca conta que falaria para meninas negras que não se amam: "Olha para o espelho e veja o quão linda você é, você é única, querendo ou não,só você tem esses traços".

O figurino de Rebeca remete à uma princesa meiga que tem uma grande paixão pelos têxteis artesanais africanos. Ela só se veste com tecidos e roupas feitos à mão pelos artesãos têxteis do seu povo. Ela desenha e cria suas roupas se inspirando nas artes têxteis artesanais do seu povo. Ela representa o futuro feliz e utópico da moda africana do continente e da diáspora, contou a diretora artística do editorial, Japhete Ozias.
Samira Helena Ese Cole Okosun como princesa africana
Angélica Alves

Samira Helena Ese Cole Okosun, 4 anos, mora no bairro de Perus. Ela filha de uma brasileira e um nigeriano e mãe conta um pouco mais sobre a experiência da filha durante o ensaio fotográfico: "Ela está se descobrindo como uma criança negra, com sua beleza. Ela sabe que é bonita e isso vem aumentando a autoestima dela que estamos construindo aos poucos. Antes ela falava que queria ser branca e ter cabelo liso e entendemos o impacto dessas falas, então participar de um ensaio fotográfico sendo uma princesa africana foi muito importante já que agora ela sabe que existem princesas negras além da Tiana, do Príncipe e o Sapo".

A figurinista e diretora artística Japhete Ozias destaca: "O figurino da Samira remete à personagem de uma princesa que tem como maior símbolo de beleza, a sua alegria e o seu sorriso. Ela ama dançar e cantar".

Rhianny de Souza Elias, 14 anos, mora na Brasilândia

"Me senti muito bem participando do editorial, me senti representada, enalteceu minha beleza preta".

A figurinista Japhete Ozias conta: "O figurino da Rhianny remete à uma princesa dançarina. Sua dança favorita é o ndombolo, dança originária do Congo. Ela traz essa dança pro seu contexto de princesa preta da diáspora junto com outras danças secundárias que têm influenciado o seu repertório de princesa dançarina."
Rebeca Lima
Angélica Alves

Laura Victoria da Silva Soares, 8 anos, mora na Cachoeirinha

A garota conta sobre a experiência de participar do editorial: "Me senti nervosa para fazer as fotos, mas eu amei. Eu nunca tinha sido princesa antes."

"O figurino da Laura remete à uma princesa meiga que ama as cores vivas e tem como maior símbolo a sua elegância colorida", destaca Japhete Ozias.

Ficha técnica editorial: Princesas Africanas Contemporâneas

Idealização: Vilma Queiroz @vilma.queirozmodel

Produção de moda e Beauty: Jéssica Souza @iconica.souza

Stylist: Japhette Ozias @japhette_lant

Fotógrafa: Angélica Alves @angelicaafotografia

Modelos: Laura Victoria, Samira Helena, Rhianny de Souza, Rebeca Lima

Locação: Casa de Cultura da Vila Guilherme


Programação do Pretinhas da Brasilândia:

Oficinas de grafite, dança, teatro e leitura, tranças e amarração de turbantes e de modelos, estão na programação. E, no encerramento, um show com Fanieh, cantora, ativista e atriz da série Sintonia, da Netflix.

Embora o evento seja pensado em ter como protagonistas as meninas pretas, toda a comunidade está convidada a participar, independente de cor, gênero, raça ou idade. É um evento para toda a família, para inclusão e respeito de todos da comunidade.

O local de realização é a Fábrica de Cultura da Brasilândia, do Governo do Estado de São Paulo, que fica no Distrito da Brasilândia, o 4º mais populoso da cidade de São Paulo, com mais de 280 mil habitantes de mais de 41 bairros.

9h às 11h Oficina de Grafite

Arte-educadora Aryane Keyla Jose Santos

Na oficina de grafite, o público será incentivado a formar grupos para criar um mural com grafite em um dos muros da Fábrica de Cultura. Serão utilizados modelos de máscaras africanas para a arte, que será reproduzida utilizando tinta PVA, corantes, pincéis e spray. A arte-educadora ensinará sobre a importância da representação das máscaras na cultura africana, estreitando os laços das meninas negras com suas raízes ancestrais.

11h às 12h Oficina de Dança Tribal

Arte-educadora Luana Caruzo

A arte-educadora explicará a origem e importância das danças tribais e ensinará na prática passos para as pequenas dançarinas. A aula também envolverá o emprego da dança tribal em ritmos atuais, com as quais as garotas se identificam, como hip hop e demais danças urbanas. Com isso, elas perceberão que muitos dos artistas da atualidade que elas admiram, sejam brancos ou negros, reproduzem passos que foram criados por seus antepassados.

12h às 13h Oficina de Modelos

Arte- educadora Joy Carol

Joy é uma famosa modelo, negra e gorda, moradora da Zona Norte, e que além de desfilar nos maiores eventos plus size do Brasil, ultrapassou barreiras integrando desfiles em que antes predominavam pessoas brancas e magras, como por exemplo, a Casa de Criadores. Embora tenha ouvido muitos “nãos” ao longo de sua carreira, ela persistiu e estrelou campanhas de publicidade de marcas de moda, telefonia celular, bancos e produtos de beleza. Na oficina de modelos, todas poderão ser modelo por um dia, aprender a desfilar e fotografar e acreditar em sua real beleza.

14h às 15h – Oficina de Leitura e Teatro

Arte educadora: Alline Caruzo

A arte-educadora trabalhará na oficina alguns capítulos do livro “Omo-Oba Histórias de Princesas” de Kiusam de Oliveira. Com um acervo de fantasias e acessórios, estimulará que as meninas leiam trechos do livro, que fala sobre princesas africanas e, por meio de jogos educativos e dinâmicas teatrais, reproduzam e criem novas cenas com as personagens. Elas se reconhecerão como protagonistas e viverão personagens incríveis.

15h às 16h – Oficina de amarração de Turbantes e tranças

Arte- educadora: Palomah Coelho

O cabelo faz parte da identidade de todas as pessoas. Mas para garotas negras que crescem escutando que tem “cabelo ruim”, essa relação com a própria aparência pode vir repleta de dores e frustrações. Na oficina de Amarração de Turbantes e tranças, as pequenas aprenderão a importância dos penteados e dos turbantes na cultura

africana. Aprenderão que não se tratam de artifícios para disfarçar “um cabelo ruim”, mas para ressaltar a beleza e identidade das mulheres pretas.

16h às 17h – Oficina de Artes Plásticas

Arte-educadora: Erika de Souza

As meninas confeccionarão seus auto-retratos, trabalhando a percepção que têm sobre si mesmas. Nesta oficina serão usadas sulfites, lápis, canetinhas, gizes de cera e materiais como botões e retalhos de tecidos.

17h às 18h – Palestra/ Show

Artista: Fanieh

Com apenas 22 anos, de Guaianazes, extremo leste de São Paulo, vem se destacando na cena musical por suas letras e posicionamentos sempre fixados nas suas raízes. A artista recentemente soltou sua voz na primeira faixa do projeto idealizado e majoritariamente produzido por mulheres, o Hervolution. Ela também estrelou a série da Netflix: Sintonia, um sucesso entre o público adolescente. Construiu a carreira de forma autônoma, independente, como uma verdadeira gestora. Além de ser rapper, ainda é co-fundadora do Instituto Izaias Luzia, em Guaianazes, que trabalha com cultura, esporte e educação.

Serviço:

Data: 11 de março

Horário: das 9h às 18h

Local: Fábrica de Cultura da Brasilândia

Endereço: Avenida Inajar de Souza, 7001 e Av. General Penha Brasil, 2508 – Brasilândia, São Paulo, SP

Entrada gratuita


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